foto: revista RPA news
A Vibra Energia, maior distribuidora de combustíveis do Brasil, enfrenta dificuldades no mercado de diesel devido à concorrência desleal de empresas que não cumprem a obrigatoriedade da mistura de 14% de biodiesel. Segundo Augusto Ribeiro Júnior, vice-presidente executivo de finanças da Vibra, essa prática ilegal prejudicou as margens da companhia, especialmente em um momento em que o biocombustível está mais caro que o diesel.
O CEO da Vibra, Ernesto Pousada, afirmou que a fraude impactou os resultados do quarto trimestre e continuou nos primeiros meses do ano. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) já realizou autuações e interditou três distribuidoras envolvidas nessas irregularidades. A expectativa é que mais investigações sejam conduzidas para conter esse tipo de crime, garantindo um mercado mais justo para todas as distribuidoras.
De acordo com um estudo do Instituto Combustível Legal (ICL), fraudadores economizam até R$ 0,37 por litro ao não adicionarem biodiesel, impactando mercados como Paraná e São Paulo. No período analisado, aproximadamente 200 milhões de litros de diesel foram vendidos sem a mistura obrigatória nesses estados. Essa concorrência desleal não apenas prejudica grandes distribuidoras como a Vibra, mas também enfraquece o mercado como um todo, colocando em risco a sustentabilidade do setor.
As fraudes ocorrem de duas formas principais: a omissão total da mistura de biodiesel e a chamada “bionota”, um esquema no qual distribuidoras simulam a compra do biocombustível, mas na realidade não o adicionam ao diesel. Essa prática envolve usinas, distribuidoras e traders corruptos, aproveitando a vantagem econômica gerada pelo preço do biocombustível, que historicamente pode oscilar bastante.
A ANP, apesar do quadro reduzido de fiscais, intensificou a fiscalização e conseguiu fechar algumas distribuidoras fraudulentas. No entanto, especialistas do setor alertam que ainda há muito a ser feito para erradicar esse tipo de irregularidade. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) também está atuando para combater essas fraudes, apoiando medidas como a obrigatoriedade de informar estoques de biodiesel antes da compra de diesel fóssil. Esse controle maior pode ser um grande aliado na redução das fraudes.
Além disso, a fiscalização nos postos será reforçada com equipamentos que testam a proporção da mistura, uma iniciativa que deve aumentar a transparência no setor. A questão ganha ainda mais relevância após o governo suspender o aumento da mistura de biodiesel para 15%, previsto para março, devido a preocupações com o custo dos alimentos. Essa decisão reacende o debate sobre a importância de políticas eficazes que garantam tanto a segurança energética quanto a competitividade do mercado.
Apesar desses desafios, a Vibra projeta uma melhora em sua rentabilidade no primeiro trimestre de 2025, impulsionada por mudanças tributárias e ajustes estratégicos para otimização de custos. A chamada monofasia de impostos sobre o etanol, que passou a valer este ano, deve reduzir a sonegação e gerar uma maior estabilidade financeira para as distribuidoras. A companhia segue focada na recuperação de margens e crescimento sustentável, mesmo diante de um cenário econômico desafiador, e acredita que o setor precisa de mais fiscalização e medidas rigorosas para combater as fraudes e garantir um mercado mais equilibrado para todos os players.
FONTE: https://www.novacana.com/noticias/vibra-sofre-mercado-diesel-fraudadores-mistura-biodiesel-260225
